quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Meus poemas


Esses poemas
Meus dilemas
Tristes temas
Mas poemas

Esses poemas
Como algemas
Dores extremas
Mais poemas

Esses poemas
Presos à pele , meus emblemas
Como a força da alfazema
Demais poemas

domingo, 8 de novembro de 2009

Como Timbaúba conquistou uma das mulheres mais bonitas do Brasil






Só acreditei porque vi as fotos e os negativos, mesmo assim, pedi a um amigo do Instituto Carlos Éboli para verificar se não eram falsos, o que abalou a nossa amizade. Foi assim:
Segundo Timbaúba, ele estava tranquilo no escritório, num sábado ensolarado de primavera, quando uma espécie de princesa, meio perdida, tentava abrir a porta de vidro. Nesse dia ele dispensara a secretária, aguardava a hora de pegar a filha no cinema. Sabia de cara que a visita não era para ele, a moça havia se enganado de sala, certamente. Mesmo assim, foi até à porta, que possui esses vidros que só permitem a visão a partir da parte interna, e abriu-a. Sem que a moça pudesse esboçar qualquer reação, tacou-lhe um beijão de boca, Ela, lógico, ficou espantada e revoltada, nessa ordem. O diálogo, vou transcrevê-lo:
_ Olhe aqui... seu...seu .... desaforado, sem graça, nojento, esbravejou.
_ Pelo jeito, você se enganou de sala; e eu, de namorada, retrucou, calmamente o jovem e sedutor Timbaúba.
_Você pensa que eu acredito nisso, idiota, cretino, palhaço, sem graça.
_ Tem todo o direito do mundo de duvidar, de estar aborrecida, chateada, zangada, mas não pode me chamar de nojento e nem de cretino, só agora a reconheci. Te peço mil desculpas. Não sou nojento, sou até simpático e um profissional bem sucedido. Tenho entre os meus clientes vários amigos seus, como por exemplo fulana, sicrano e beltrano, que, aliás, jpa foi seu diretor numa das novelas.
_ Isso não muda a minha opinião a seu respeito. Quer saber do mais, fui, passar bem.
_Mas você não disse o que procurava, posso te ajudar e, caso duvide da minha sinceridade, venha ver a foto da minha namorada, verá que realmente ela se parece demais com você.
Nem eu, como já disse, acreditaria, mas a moça entrou no escritório. Acho que para tirar mesmo a dúvida, porque se houvesse alguém parecida com ela, certamente estaria entre as mais bonitas e não seria desconhecida, com certeza. Ou foi só curiosidade. O que isso importa, não estou aqui para analisar o universo feminino, não me atrevo.
Timbaúba era mesmo um pândego. A foto que ele mostrou em nada se parecia com a moça, nem havia como isso ser possível. Esta não teve outro jeito a não ser cair na gargalhada, tudo que o nosso amigo desejava.
_Aqui, por hoje chega. Não estou mais aborrecida contigo, esquece que me viu. Até nunca mais.
_Como é possível esquecê-la? Hoje eu fui o sujeito mais feliz do mundo, embora o beijo tenha sido roubado.
_Ah! Então nem namorada você tem. Você é uma piada, no meu trabalho deve haver uma vaga pra você.
_Pode até ir embora, mas me diga somente uma coisa: o beijo, você gostou do beijo?
O nosso herói só foi saber da resposta uma semana depois, quando a moça reapareceu no escritório. Se ela gostou do beijo? Disso não duvido.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Praia da Ilha - Arraial do Cabo/RJ


Foto de J. Conde

O bêbado e a passageira


As sua viagens eram quase sempre longas e de ônibus. Tinha pavor de avião e não sabia dirigir. Funcionário público federal, fora transferido para o Pará. Duas vezes no ano ia ao Recife visitar parentes. Para aguentar a viagem, segundo o próprio, só mesmo com uma mulher bonita ao lado. Para conseguir tal proeza, uma semana antes da viagem, ele começava a frequentar o terminal. Passava horas proximo ao guichê da Viação Itapemirim, a observar se alguma moça desacompanhada - e bonita - comprava um bilhete para o Recife. Se isso acontecesse, ele compraria a poltrona ao lado dela.
Num sábado à tarde, arrumou as malas e resolveu viajar com qualquer companhia, pois se esperasse mais alguns dias poderia passar as férias na rodoviária. Comprou a poltrona 17 e ficou por ali, próximo ao guichê, ainda com esperança de uma companhia feminina, queria saber quem compraria a dezoito. Minutos depois, uma senhora muito idosa, tossindo bastante, aproximou-se da bilheteria e comprou a 18. A velha era meio surda, pois o vendedor teve que lhe informar a plataforma de partida várias vezes. Era meio cega também, porque pediu ao nosso colega Timbaúba para ler o horário escrito no bilhete. Pelo visto não confiava no vendedor. Como o ônibus só sairia dentro de duas horas, a anciã deixou a rodoviária, talvez para pegar as malas.
Mal a idosa saiu, Timbaúba correu para o guichê e pediu pelo amor de Deus para trocar a passagem. Mas já era tarde, todas haviam sido vendidas. Devolver não podia. "Trocar, só com outro passageiro." Explicou o atendente. Ficou desconsolado. Encarar dois dias de ônibus ao lado de uma velha caquética seria demais para ele. Sem solução, Tímbaúba entrou no primeiro bar e começou a encher a cara até ficar de porre de não se aguentar em pé. Para embarcar precisou da ajuda de outros passageiros.
Na hora da partida, da sua janela, com o pouco que ainda lhe restava de sobriedade, Timbaúba viu a velhinha acenando para o ônibus, já em movimento. Jogando-se sobre ele, uma linda morena respondia aos acenos. Segundo os passageiros, nem tacacá misturado ao açaí teria curado mais rápido o porre do Timba,

quarta-feira, 7 de outubro de 2009


De arrepiar
Suava frio o sujeito que acabava de entrar no meu escritório.
_ Doutor, como faço para despedir o meu funcionário? – perguntou, sem ao menos sentar
_ Imagino que ele tenha cometido alguma falta gravíssima, para o senhor entrar assim, espavorido - comentei.
_ Sim, ao meu ver, a falta é muito grave, embora eu nunca tenha ouvido que algum outro empregado, em qualquer outra empresa, em qualquer lugar do mundo, tenha cometido semelhante falta.
_ E qual foi essa falta grave?
_ O meu empregado é um fantasma, um morto vivo, ou vivo morto.
_ E como o senhor chegou a essa conclusão?
_ Eu o vi saindo do cemitério por volta das três da madrugada..
_Vai ver não tem onde dormir e dorme lá. Dizem que é mais seguro que aqui fora, você sabe disso.
_ Doutor, não brinque com coisa séria. Tenho quase sessenta anos e um nome a zelar. Acrecite, coloquei um espelho na loja só para ver a imagem dele. Doutor, ele não reflete a imagem no espelho.
_Explicação fácil: quem tem imagem a zelar é o senhor, não ele. Então, desnecessário despedi-lo. nem precisa pagar, morto não reclama direitos trabalhistas, nem outros quais quer. Quanto à parte fantasmagórica da coisa, eu não posso responder nada, pois dissso nada entendo. Quem sabe, um espírita pode ajudá-lo.
O sujeito se retirou aborrecido com o meu humor fora de hora. Sequer cobrei pela consulta, pois achei a história muito fantasiosa. Mas rapidamente mudaria de idéia quando uns 15 minutos depois entra outro sujeito, o empregado.
_Doutor, o meu patrão disse que conversou com um advogado e acredito que seja o senhor. Ele foi aconselhado, pelo senhor, lógico, a não pagar os meus direitos trabalhistas. Acontece, que eu trabalho, doutor. Fantasma ou não, trabalho. Eu sou um fantasma funcionário, não um funcionário fantasma; o meu emprego não é público, não trabalho para o governo.
Pensei que todos os loucos da cidade tivessem tirado o dia para me zoar.
_Meu jovem, o que deu em vocês, por que me escolheram para fazer pegadinhas? Há outros advogados nesta cidade.
_Mas nenhum deles com as suas características, doutor.
_E que características são essas?
_Anúncio no obituário.

sábado, 3 de outubro de 2009

Basílica de Nossa Senhora de Nazaré - Belém do Pará.

A Promessa


Seu Raimundo Nonato andou mais de mil quilômetros. Saiu de Picos, no Piauí, e foi a Belém do Pará pagar promessa feita à Nossa Senhora de Nazaré. Chegou exausto no Ver-o-Peso e pediu uma cuia de tacacá para matar a fome. Perambulou pela cidade o restinho de dia e ao entardecer procurou um abrigo público, pois os únicos trocados só davam mal e porca para uma refeição diária, coisa que nem dá para chamar de alimentação. Mas nessa época do ano até banco de praça fica com excesso de gente, sequer dá para guardar vaga, pois os lugares ficam marcados, à espera dos donos, que só saem para fazer as necessidades e voltam. Os abrigos estavam lotados.
Raimundo Nonato, além do próprio corpo cansado, trazia uma pesada réplica em madeira, de uma perna de tamanho de perna de adolescente. Segundo ele, a filha se recuperara de um câncer graças às preces que fizera à Nossa Senhora de Nazaré. A filha fora desenganada pelos maiores especialistas, chegou a ir para o Hospital das Clínicas, em São Paulo.
Uma vez em Belém, um dia antes do Círio de Nazaré, Raimundo queria dizer à família que chegara bem, graças Deus, embora com os pés em feridas e terríveis dores abdominais, devido à falta de alimentação seguida da péssima, quando havia. Raimundo foi a um dos orelhões em frente à Basílica e ligou para o seu povo. "Não diga, mulher, isso não é justo, logo agora que cheguei. Qui vamo fazê sem nossa Seiça? Como curpa minha, não deu pra vim ano passado, sabe".
Raimundo Nonato saiu cabisbaixo, pegou a réplica da perna da filha e iniciou caminho de volta.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009


Foi engano

_Tio Donato!?
_Não, aqui não tem nenhum Donato. Você dever ter discado errado.
_Desculpe, aqui é a sobrinha dele, estou tentando falar com tio Donato pra avisar a ele que já estou na rodoviária. Disquei errado. Tchau, desculpe novamente.
_Sem problemas. Tá precisando de ajuda? Posso pegá-la na rodoviária e te ajudar a encontrar o seu tio.
_Não, não conheço o senhor, nem o senhor me conhece.
_Então, mais um motivo: o seu primeiro amigo na cidade. Você já conhece Cabo Frio?
_Só de ouvir o tio falar.
_Posso ir até aí? Estou perto, caso não queira a carona, pode desistir.
_Não, acho melhor não. Está muito tarde, o tio já vai chegar. Agradeço, mas tio Donato não vai gostar se souber que eu fiz isso. Recebi várias recomendações dos meus pais.
_Qual a sua idade?
_Isso não importa, ainda moro com eles e devo-lhes satisfação, é o mínimo.
_Calma, não vamos discutir, nem nos conhecemos, como você mesma afirmou. Olha, estou indo aí, se não gostar da minha aparência, se não se sentir confiante, não tem problema. Te faço companhia até o seu tio chegar.
_Você é insistente, me venceu pelo cansaço. Pode vir, mas vou aguardar o meio tio Donato.
Meia hora depois, aparece o tio Donato.
_Tio, esse é um amigo, me fez companhia até agora.
_Muito prazer, rapaz. Vou te dar o nosso endereço, apareça lá em casa amanhã, daí você pode conversar mais com Silvinha.
_Será um prazer
_Bom, vou chamar um táxi, o mecânico ficou de devolver o meu carro mas avisou que não tem peça no momento. Carro importado é uma droga, só é bom enquanto não dá feito.
_Nada de chamar táxi, seu Donato, eu levo vocês.
_ Nada disso, meu jovem, moramos longe, não quero dar trabalho.
_Eu insisto.
_ Bom já que insiste
E foram em direção à Ogiva. O seu Donato era um idoso simpático, logo caiu nas graças do novo amigo da neta.
_ O que o senhor faz na vida, seu Donato?
_ Coleciono carros importados.
_ Usados?
_ Não. Novos, de preferência saídos da agência.E está faltando justamente uma Pajero Prado na minha coleção. Essa é uma Pajero Prado, não é?
_...

domingo, 27 de setembro de 2009


O Noivo

_Veja Bruno, esta é alemã, uma raridade da 2ª Guerra, pertenceu ao ajudante de ordens de Hitler, disse o deputado federal.
Adamastor está no seu primeiro mandato. É amigo de Vital. Vital é ex-namorado, e ainda apaixonado, da noiva do Bruno, jovem professor que está com o casamento marcado para daqui a trinta dias. Nos bastidores, Vital vem tentando sabotar esse casamento, sua única chance – ele acedita - de voltar para Heloísa. O deputado está ali para ajudar o amigo e assessor. Coseguiram descobrir o ponto fraco do Bruno: sua paixão por armas.
_A sua autenticidade pode ser comprovada pelo selo da Sotheby's, os maiores leiloeiros da Inglaterra, emendou Vital.
_Fique à vontade, Bruno, ela não está carregada, mas está perfeita, o que quer dizer que basta munição e alguém que aperte o gatilho para ela atirar. Não se preocupe quanto ao passado da arma. Segundo historiadores, o jovem Müller nunca disparou um único tiro, nem com ela ou com outra qualquer. Dizem as más línguas que ele era caso do
führer
Bruno está empolgadíssimo com o brinquedo prometido para ele. Instigado por Vital, resolve experimentar a arma e aciona o gatilho. A pistola dispara e o político cai atrás do balcão do bar.
Bruno não entende nada. Olha sobre o balcão e vê o parlamentar se esvair em sangue. Fica apavorado,incrédulo, mal consegue balbuciar as palavras.
_ Ele fa-falou qui-qui estava des-des-descarregada. E eu não-não a-apontei pra ele, a-apontei para o al-alto.
_Deve ter resvalado no teto, acalme-se, vamos.
_Mas o teto é de gesso, e sequer está furado.
_Calma, já te pedi calma. Sei que você não o matou, mas a polícia vai chegar em instantes e não vai querer ouvir explicações, pra ela o assassino será você, pior, trata-se de um deputado líder de bancada, com renome, relator da CPI da Petrobras, vão dizer que foi ato político. Vou te levar para o aeroporto, tenho passaportes falsos e amigos de verdade na Polícia Federal. Você vai para a Europa, você agora se chama Henry Breson
_ E como voltarei? Está tudo pronto para o meu casamento. Minha família está vindo de Portugal. Eu posso ir pra lá, pra Coimbra.
_ Eles te achariam em dois tempos. Não se preocupe, darei um jeito de te safar dessa, esqueceu que sou criminalista? Encarrego-me de avisar à Heloísa, ela vai compreender.
Bruno foi para Paris sem saber o que o aguardava por lá. Foi confiando no Vital. este, por sua vez, confiava muito na Polícia Federal brasileira e no capitão Patrick, da Legião Estrangeira que, com outros seis militares, aguardava o sargento Breson no Charles De Gaulle. O "militar" voltava "arrependido" da deserção em plena Guerra Civil do Chade, em 1978, quando contava com menos de quinze anos de idade.

Paixão por Belém

Estou de malas prontas
alguns anos atrasado
mas prometo não sair antes da hora
vou ficar esperando o tempo
vou me dar tantas horas
tudo vai dar certo
e se não der não me importo
as malas ficam prontas
não vou forçar nenhuma barra
qualquer coisa faço viajem de volta
e continuo esperando o tempo
contando as horas
mas as malas não desfaço
fico aguardando um aceno
vendo passar o tempo
contando sempre as horas
os dias que não terminam
os meses que não fecham
e vão passando as horas
estou de malas prontas.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Teatro da Paz
Bom demais

Achava muito estranho
Com tanta mulher bonita
Alguém se jogar da cobertura
Do Manoel Pinto da Silva
Enquanto eles se jogavam de lá,
Eu me atirava sobre alguma morena passante
Enquanto o sujeito se esborrachava
No asfalto da Presidente Vargas
Eu desfiava um poema do Vinícius no Bar do Parque
Tomando do tacacá só o tucupi
E cerpinha gelada
Depois descia a Ó de Almeida
E ia até ao final da Quintino
Para sentir as rosas da Phebo
A seguir entrava na 28 até o número 100
Só para provocar ciúmes a uma antiga namorada
Que me trocara por um sujeito de terno e sapatos
De couro de jacaré, que caminhava marcando onze e quinze
Lambuzava-me com cachorro-quente
E acabava a noite nas Docas
Contando estrelas
Ouvindo histórias
Prometendo nunca mais deixar
Belém do Grão Pará

quarta-feira, 23 de setembro de 2009


O prato principal


Não acredito que o sacana do meu noivo sumiu no dia do nosso casamento. Deve estar enfiado num dos quartos da mansão com alguma ex-namorada. Não vou perder o meu tempo em procurá-lo, nem vou fazer o mesmo que ele. Lucas, me faça um favor: vê se encontra o safado do meu marido num dos quartos lá de cima. Diz pra ele que está na hora de agradecermos aos convidados. Odeio essa parte, fazer o quê.

E aí, Lucas, encontrou o sujeito? Não encontrou. Onde será que se meteu. Alguns convidados já me perguntaram por ele. Ligue para o celular dele, por favor. Atendeu? O cozinheiro, não acredito, o que esse maluco foi fazer na cozinha. O cozinheiro quer falar comigo. Lucas, pelo amor de Deus, vai lá você, vê se tenho tempo pra falar com cozinheiros. Tô me lixando que ele ouviu, Lucas, estou preocupada com o meu noivo. É importante? Nada é mais importante que o meu casamento. Pode elogiar o cozinheiro, se for isso o que ele está querendo, não dê mais dinheiro, me cobraram uma fortuna. Podia ter escolhido um chefe aqui mesmo em Belém, mas não sei o que o meu marido viu no currículo desse carioca. Juro que ele me lembra uma pessoa, mas é imaginação minha, bobagem. Bom, diga que os pratos estão uma delícia, maravilhosos, soberbos. Diga qualquer coisa, Lucas. Me dá esse celular. Você ouviu, os pratos estão divinos. Falta o prato principal? Está vindo? Que é isso, Lucas, que sangue é esse escorrendo nessa travessa?

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Senhor Feo Oso
A Rua Dos Não Abençoados com Feições Esteticamente Corretas

Na falta de uma explicação plausível para haver tanta gente feia numa determinada rua da pacata Al-Raial, os mais antigos inventaram, acredito eu, uma história tenebrosa, pois isso não pode ser verdade nem aqui nem na China. O relato, segundo eles, ficou guardado por sete gerações e só agora revelado. O manuscrito foi remetido para análise do Departamento de Arqueologia da Universidade Federal do Rio de Janeiros que prometeu revelar a autenticidade do documento dentro de alguns meses. Diz ele que décadas após Américo Vespúcio ter fundado aqui a feitoria, nasceu um guri muito, mas muito feio, mas tão feio que os pais tiveram dúvida em saber a qual espécie pertencia o moleque. Sem médicos no povoado, a pessoa mais influente era um jesuíta fugido da Inquisição. Levada ao sacerdote, este falou que a “coisa” se transformaria num lindo rapaz se fossem seguidas algumas regras. Disse ainda que aquilo era castigo dos Tupinambá que, escurraçados pelos portugueses, foram comer os campistas, quer dizer, os Goytacazes. O clérigo tirou do alforje uma folha quadrada, com 49 centímetros de cada lado, e escreveu um longo texto e ao final uma recomendação. Transcrevo apenas a recomendação, pois não fui autorizado pelo patriarca dos Não Bonitos a fazê-lo na íntegra.:
“No dia sete de cada mês, toda e qualquer família com esse tipo de infortúnio, deverá pegar o seu sétimo membro - contando a partir do ascendente mais velho, na falta deste os colaterais em grau de proximidade, dos mais próximos para os menos - e gastar exatos sete minutos lendo esse texto para sete pessoas, nem mais, nem menos. Ao lê-lo, deve rasgá-lo, ou cortá-lo, de forma a obter sete pedaços quadrados. Após, sete mulheres da família, em sete datas diferentes, às sete da noite, deve colocá-los em sete sepulturas distintas do cemitério da Igreja. Se não houver sete mulheres na família, que se vistam de mulher tantos homens quanto necessário. As tumbas não podem ser aleatórias. Ao entrar no cemitério, conta-se sete sepulcros à esquerda, a partir da sétima lápide, e coloque um papel nela. Noutro dia, a outra parenta voltará ao local, dobrará à esquerda de onde foi colocado o papel anterior, contará mais sete jazigos do lado esquerdo e deixará sobre ele outro papel e assim sucessivamente, até completar a distribuição. Façam isso durante sete anos e o bebê será um lindo jovem, um Adônis. Não se esqueçam de primeiramente copiar a receita toda vez que fizerem isso, e antes de rasgá-la, lógico. Não o fazendo, não me responsabilizo”. Esse é o final da “bula” do pastor, parece coisa de grego, mas é assim que está escrita. Diz, não a “bula”, sim a lenda, que os moradores da Rua Dos Não Muito Bonitos faziam o recomendado. Um belo dia de São João se perderam na contagem depois que o único calendário foi queimado numa fogueira com o vigário acusado de heresia. O bebê até estava ficando bonitizinho, mas como encerraram o “tratamento” antes de completados os sete anos, a criança não ficou lá tão bonita. Ficou, digamos, menos feia. Mesmo assim conseguiu se casar, porém todos os seus descendentes, até os tempos atuais, ficaram desfalcados dos atributos faciais, e como ficaram.
Depois que mostrei essa história apareceu uma versão mais crível. Conta-se que os moradores do outro lado da vila, da localidade batizada como Beach Big pelos ingleses da fragata Tétis, naufragada em Al-Raial, ao saberem do nascimento do “coisinha” foram até ao padre e ficaram sabendo da solução dada pelo vigário. Na intenção de sabotarem a cura do jovenzinho, que, segundo os moradores dessa parte da vila, devia ser sacrificado, deduraram o homem de Deus aos inquisidores, acusando-o de bruxaria. O quê, cá pra nós, era a mais pura verdade. Embora não veja nenhuma graça em churrasco de padre. Uma vez sem reverendo, os moradores da Rua Dos Não Muito Bonitos ficaram, como na outra história, desamparados. Daí a explicação para que um lugar tão pequeno tenha duas Igrejas Católicas. Havia até dois cemitérios, mas com o tempo um deles foi desativado.

terça-feira, 15 de setembro de 2009


Internet, não confie.

O MSN não é nada confiável, assim como não é confiável nenhum tipo de comunicação, desde pombo-correio até as criptografadas pelo Pentágono. Voltemos ao nosso MSN. Na tela do computador do senhor X apareceu a seguinte MSG, enviada por um hacker: "amor, gostaria de ser despertado por você". No computador destinatário, o marido do amor do hacker leu a mensagem e respondeu o seguinte: "Estarei aí cedinho, toda folgosa, meu taradão". Tá confuso, caro leitor? Não está, não. Quem leu essa resposta não foi o sujeito que a enviou, lógico, foi a mulher do .... isso mesmo, de um cara que, vocês verão, está inocente, pelo menos nessa história. A mulher, que já desconfiava do marido, vigilante noturno, colocou o velho despertador para tocar na madruga e partiu às quatro horas da manhã de Japeri à Central do Brasil; de lá, num metrô para Copacabana.
O marido da suposta amante do vigilante – gosto de tudo explicadinho, nem me importo com a assonância – também fez o mesmo, num ramal diferente, no de Deodoro, mas os destinos de ambos era a Princesinha do Mar. O marido de uma não conhecia a mulher do outro. Chegaram praticamente juntos ao prédio onde funciona um shopping de luxo, isso por volta das seis da manhã, e ainda bateram um papinho na chegada. Depois, aproveitaram que vários funcionários entravam no prédio àquela hora e foram na carona. Cada um sabia exatamente o que ia fazer: dar um flagra no cônjuge. Só que isso não aconteceu, e não aconteceu porque o MSN não é confiável. O vigilante estava mesmo roncando, mas a suposta amante não estava e nem estivera ali.
Marido traído e mulher desconfiada falaram quase que ao mesmo tempo. “Cadê a minha Mulher?” “Cadê aquela vagabunda?” De um sobressalto, o pobre do guarda pulou do beliche. “Mas do que vocês estão falando?” Contada e recontada a história, ao pobre do guarda só restou dizer que nunca havia ligado um computador na vida, e quem possuía MSN era a mulher dele, e que estava no prédio desde às 18 horas do dia anterior, e vigia não tem direito nem a televisão, menos ainda à internet. A própria mulher confirmou, abobalhada, sem se dar conta que o MSN fora hackeado.”Sendo assim, onde trabalha a Fátima?” Quis saber o marido da Fátima. “Sétimo.”
Sabia que não ia adiantar muito – eu sabia, caro leitor, não o marido da Fátima ou qualquer um deles – pois os três perderam um tempo tremendo naquele papo-furado. No sétimo andar, Xande, PhD em ciência da computação, teve café na cama e música do rei Roberto Carlos.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009


A coelhinha da Playboy francesa


Era um desses bolos de aniversário, muito glacê, recheado com creme de leite. Parecia gostoso, mas eu não podia comê-lo. Fui sincero, disse-lhe que tinha pânico da diabetes, embora a minha taxa de glicose fosse normal e não houvesse histórico familiar. Mas o bolo... o bolo parecia delicioso e também muito doce, e, no segundo caso, não haveria de ser diferente. Ela olhou assim pra mim, meio com peninha, – poderia estar até decepcionada, mas não estava, ou não demonstrava - e deu uma sugestão: tenho aqui algo que você pode comer, e não é doce, pelo contrário, é até salgadinha. O rosto dela ficou enrubescido de imediato. Eu só disse “cuidado, menina, você não sabe onde está pisando”. Então ela apagou a lâmpada e nos deixou no escuro. “Vou a cozinha e volto. Já volto pronta com a surpresa, quero vê-lo pronto também. Você sabe do que estou falando”, concluiu.
Ah, caro leitor, se eu te falar onde estávamos e quem era a mulher, você, no meu lugar, sairia correndo. Discreto como sou, vou omitir o nome dessa pessoa, vou chamá-la apenas de Juli, pois se trata de uma modelo muito famosa, aqui em França, e é coelhinha da Playboy. O local era o luxuoso salão da cabeleireira mais famosa de paris, Mademoiselle Haydeé Henry, no centro da cidade, ao lado da Embaixada Brasileira, na 34, Cours Albert 1er. Sairia correndo porque a coelhinha era casada com o melhor pugilista francês, e o meu plano de saúde não cobre cirurgia plástica. Mademoiselle e a modelo eram amigas, e eu estava ali para tratar de um assunto sobre direitos autorais da modelo-cliente. Digo cliente porque é assim que trato todos os clientes, não sei nada sobre as fantasias que passam nas suas loucas cabecinhas. Já tive, não vou negar, um interesse especial por essa gata, mas hoje isso faz parte do passado. Seguimos rumos diferentes, e muito, em nossas vidas. Mas ela nunca esquece, e quase sempre me cutuca. Acho que agora a vara está curta demais.
Haydeé encerrara o expediente, todos os empregados já haviam ido embora e ela cedeu o espaço para conversarmos, eu e a coelhinha. A conversa poderia ser no meu escritório, lógico, mas essas celebridades costumam ser seguidas por centenas de paparazzis, que não as deixam em paz. Entrar num escritório de um advogado especialista em direitos autorais poderia deixar em alerta as agências de publicidade e fechar algumas portas para a Juli. Enfim, estávamos todos ali, quer dizer, quase todos, mademoiselle inventara uma desculpa e foi a um bistrô na esquina.
A coelhinha me pegou num momento crítico. Senti a temperatura do ambiente subir, tirei logo o paletó, a gravata e fui tirando tudo até ficar apenas de cuecas. Como mágica, o som do salão passou a tocar uma música suave, Clair de Lune, de Debussy. Um único feixe de luz que saia da cozinha foi apagado. Do corredor veio a ordem para eu fechar os olhos. Fechei-os, o que parece ter aumentado as minhas outras capacidades sensoriais, em particular a olfativa. Sentia que a coelhinha estava muito próxima de mim, quase podia tocá-la. “Pronto, pode abrir os olhos”. Abri os olhos e ouvi um gritinho: “Surpresa! Torta salgadinha, essa você pode comer!”.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A morte de um rio

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O rio represado com razão reclama
Refreado reprimido chora
Contido extravasa vasa
Invade ruas inunda casas
Mas vejam que ironia, o rio recua
Dá nova chance a essa gente insana
Que em seguida o impermeabiliza
E obediente o rio ali fica
Dominado agoniza
se entrega se cala vira mendigo,
transportador de lixo lodo e lama
E não mais brada sequer suplica
E vai moroso lento brando mole e para
E morre.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Por do sol em Praia Grande - Arraial do Cabo/RJ

Foto de J. Conde

Querido sol, querido astro
sei que és rei mas não preciso
seguir teu rastro
me aguarde
espero continuar nesta carona
ao lado dessa bola
forçado pela gravidade
pra te ver novamente
mais belo que hoje, que antes,
mas sempre em Praia Grande.

No armário




_ Criatura, acho bom você ficar esperta. Toda vez que tem parada gay, o Ricardo desaparece. Aliás, uma semana antes ele muda, fica ansioso, impaciente, perde mais tempo no computador, faz unha. E o que vai acontecer em Cabo Frio no dia 6 de setembro? Pa-ra-da gaaaaaayyyyyyyyy.
_ Eu nem sabia que ia ter esse negócio aí. Sinceramente, tenho observado uma mudança no meu marido não é de hoje, e não é coisa de gay não: tem mulher na parada, mas eu descubro, ah se descubro.
_Quer ver uma coisa: quem é o melhor amigo do Ricardo?
_O seu marido, ora bolas.
_Então, o meu é gay.
_Claúdio é gay? Há, há, há. Conta outra. Você está brincando.
_Sério. Assumiu na semana passada, quer dizer, está assumindo aos poucos, melhor, diz ele que está procurando tratamento.
_ Amiga, não entendi nada. Explique-se, seja mais clara, objetiva. Cláudio é gay ou não é? Não existe ex-gay, e, muito menos, tratamento. Isso é uma opção dele.
_Explico, se você me deixar. Na semana passada, encontrei uma calcinha no porta luvas do carro dele, uma dessas calcinhas sex, com janelinha, comprada na Harrolds, em Londres, deve ter custado uma fortuna. Quase tive um troço. Dei-lhe umas bolachas na hora, ali mesmo, e ele tentando se explicar. Achei que ele ia dar qualquer desculpa esfarrapada, mas não, me levou para um apartamento na Praia do Forte. Adivinhe o que encontrei lá? Um colega dele, outra bicha, Que raiva, quase que joguei os dois do quinto andar. Foi aí que o tal “colega” me explicou toda a história. Dei um prazo de um mês pra ele se decidir se quer continuar homem ou se vai virar gay. A parada está em cima.
_ Que susto, em amiga?
_ Você acreditou nessa história toda?
_ Sim, por que não?
_ Eu não acreditei, por isso estou aqui, e com a calcinha da história. Sei que você tem uma igual, não me pergunte como eu sei disso. Vá lá, pegue a sua calcinha, traga aqui agora.
_ Amiga, eu ia te falar sobre isso na semana passada. O teu marido adorou essa calcinha e me pediu emprestada para me devolver depois da parada gay. Querendo, pode aumentar o prazo que você deu pra ele se decidir, mas não vai adiantar de nada.
Caro leitor, nem eu mesmo sei o que houve com esse camarada, a parada gay aconteceu no dia 6, mas eu fui ver a minha filha dançar balé. Tenho testemunhas, claro.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Em Arraial do Cabo, na Galeria Central, em frente ao caixa eletrônico do BB

Funcionando aos sábados

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O vendedor de refrigeradores


Pois não, cavalheiro. O senhor está diante de um excelente refrigerador. Todo feito em inox, ótimo para a nossa região, com garantia de dois anos contra ferrugem. Possui duas portas e capacidade para 503 litros bem acondicionados. É o mais moderno refrigerador no mercado. Não bastasse tudo isso, ele é um legítimo Frost-Free, isso mesmo. Já explico para o doutor. Esse tipo de refrigerador incorpora tecnologia para manter a unidade de congelamento sem camadas de gelo.
O funcionamento do frost é bastante simples. O refrigerador apenas tem de possuir uma resistência de aquecimento ou uma bomba de calor. Este equipamento vai ser acionado durante o ciclo de funcionamento por diversas vezes e por um curto período de tempo. A presença de calor junto da tubagem frigorífica vai derreter qualquer vestígio de gelo que se tenha formado na mesma, e por meio desta ação, o gelo passará a água que é encaminhada para uma calha, e da calha para um depósito situado na traseira do refrigerador, em cima do seu compressor, onde são atingidas elevadas temperaturas. Assim, a água aquecida retornará ao vapor e será apenas umidade no ar circundante.
O ar seco circula dentro da cabine frigorífica através de ventoinhas, e são estas que lhe dão o nome. Os refrigeradores com este tipo de mecanismo, possuindo ventoinhas, são chamados de dinâmicos, além de frost-free ou no-frost, enquanto que os restantes dos aparelhos são chamados de estáticos. Ao invés de possuir a tubagem por dentro do seu isolamento, como os aparelhos tradicionais, este tem um sistema de refrigeração bem mais compacto e separado, liberando espaço no refrigerador e permitindo assim que o mesmo seja aquecido em pouco tempo para el
iminar todo e qualquer vestígio de gelo.
Algumas marcas e modelos podem ter pequenas variações no funcionamento, essa que estou lhe apresentando é a melhor, e, o mais importante de tudo isso: com redução de IPI. Tá baratinho, só... não vai querer? Nem depois dessa super explicação técnica? Como, veio comprar um televisor de plasma, de 42 polegadas? Tá, é com a minha amiga ali. Obrigado, passar bem.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Às vezes até eu penso que não existe
Mesmo morando ao lado
Ilha do Farol
Perpetuada pelo amigo J. Conde
Enamorado de Arraial
Que prova o seu amor da maneira
Mais amorosa
Como devem ser amadas
Todas as belezas
Preservando-as
Admirando-as
Amando de verdade
Amor sincero
Copartilhado
Amor sem egoísmo
Amor que só quem tem alma de artista
Sabe demonstrar.
www.almacarioca.com.br/conde/index0.htm

domingo, 30 de agosto de 2009

Ver-o-peso


www.senado.gov.br/mariocouto/turismo.asp

http://www.almacarioca.com.br/conde/index.htm

Quero voltar a Belém
Nada perdi por lá
Me perdi foi por cá
Em Belém me encontrei
Encontrei amores, amigos,
Que obrigado abandonei
Volto com o coração palpitante
Coração sem dono, errante
Que encontrará outros corações
Mas nenhum deles como antes
Amo Belém incondicional,
Embora tenha nascido em Arraial
Aqui, de tanto me ouvirem falar assim,
Não sabem mais de onde sou
Digo, “não sou”, eu vim
Agora quero poder dizer “voltei”
Não me importo que me digam que lá
Não é o meu lugar
O que importa é que não esqueço Belém do Pará.

sábado, 29 de agosto de 2009

Palavras para relaxar

Tenho pelas palavras, assim como por qualquer outra coisa, preferência por umas em detrimento a outras. De algumas, faço uso quase que diariamente. Ora por conta dos ofícios, ora por simples paixão ou devido ao curto vocabulário, cuja extensão não me atrevo a medir. Quem tem rico vocábulo não costuma repetir palavras, exceto, como falei, por amor.
Tenho um aluno que tudo pra ele é caô. Precisei ir aos dicionários para entender o significado, pois o próprio aluno me disse que “caô” era “caô”. Como a conversa não ia progredir, resolvi fazer o dever em casa. Não encontrei no Houaiss, edição de 2001, nem no Aurélio, edição mais antiga ainda. Desisti de procurar em outros e resolvi consultar o meu ex-professor Cláudio César Henriques, autor de vários livros de gramática (até hoje nega ser gramático), membro da Academia Brasileira de Filologia, meu personal (palavra na moda) philologystic (não está na moda, nem nos EUA). Segundo o filólogo, "caô" é papo furado, conversa fiada, algo em que não se deve acreditar. Confesso que imaginava ser exatamente isso, mas temia pelo resultado, que, como supunha, me deixaria frustrado. Quer dizer que em algum momento de minha aula, previamente preparada num final de semana, onde deixei de, no mínimo, brincar com o meu cão, joguei conversa fora? Fui um caozeiro, aquele que faz ou comete caô. Esperava que tivesse outras definições mais amenas, segundo Henriques, não as há. Fazer o quê, o jeito é mudar a forma de dar aula ou, o mais difícil, convencer o meu aluno que o termo, além de não estar na moda, é chulo, principalmente quando dito a um professor. Se ele disser que isso é caô, a mim só restará encaminhá-lo à direção da escola. Caozeiro, eu, imaginem.
Voltando à elas, palavras, adoro a palavra refestelado. Sei lá, parece que recostado somente não funciona, não relaxa o bastante, o suficiente. Me lembra, não me perguntem porquê, o João Ubaldo Ribeiro numa rede, na Ilha de Itaparica, relendo um dos seus romances. Mas refestelado é uma palavra fora de moda, nada usual. Os sinônimos repimpar-se, refocilar-se, esses então, nunca os ouvi; se os li, não me lembro. Não vou incomodar o personal philologystic com mais essa consulta, já encerrei a minha cota semanal, e nesse momento, o Cláudio pode estar refestelado no num sofá, assistindo à TV Escola, para ter assunto para o seu blog, se não for ele o assunto. Embora adore o adjetivo refestelado, já não gosto do verbo, só porque é pronominal. Não gosto de nenhum verbo pronominal. Os verbos pronominais parecem esses carros com um reboque. A impressão que tenho, associada ao medo, é que em algum momento vou colocar o reboque na frente do carro e provocar um acidente gramatical, embora saiba que nós brasileiros preferimos a próclise à ênclise, uma coisa que nos diferencia e muito dos portugueses. Com certos verbos, além de ser proibido, nunca funciona.
Cá para nós, refestelado é ou não é uma palavra bacana? No entanto, pouco a usamos, embora gostemos de nos refestelar. Olha ele aí, o maldito pronome, pedindo para ser atropelado.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Em Arraial do Cabo Galeria Central - em frente ao Caixa Eletrônico do Banco do Brasil


segunda-feira, 24 de agosto de 2009

domingo, 23 de agosto de 2009

Para não dizer que falei de flores, não falo mesmo.

Gaivotas voltando para casa depois de um dia de vaias


Enquanto esperamos a tal da licença ambiental, para que o porto funcione plenamente e tenhamos a tão sonhada independência econômica, nós vamos criando alguns costumes que podem muito bem ser explorados por quem vende o turismo. É preciso mostrar ao estrangeiro que vem para Arraial do Cabo pensando que está em Búzios, que aqui tem outras atrações além das belas praias. Algumas dessas atrações até podem ser desfrutadas no período de inverno, com chuva fina e vento nem tanto. O que nos tiraria da dependência do verão. Faríamos turismo o ano inteiro.
Uma das atrações é o crustáceo decápode frigido na via pública, com direito a fumaça na cara. Pode até vir escrito assim no cardápio, vamos receber turistas chiques, adeus turistas de São Gonçalo e Baixada. Já vejo o turista, o chique, claro, voltando para o seu país com o rosto defumado, todo orgulhoso, nos cabelos, cheiro de fritura. Isso, minha gente, não tem na Europa nem na América, certamente há na África Subsaariana.
Outro lugar maravilhoso para levar o turista é onde se vende peixe na calçada. Lá o turista poderá comprar excelente pescado sem nenhuma higiene, dentro de caixas de isopor imundas, sobre calçadas idem. O peixeiro garante que o produto é fresco, mas ele dá essa garantia desde o momento que põe o produto no passeio público até a hora de ir embora. Quer dizer, se for embora no final da tarde, ele conseguiu o milagre de manter o peixe fresco, embora o tenha pescado dias antes.
Mas o turista não gosta somente de frutos do mar, ele quer ver coisas da terra, quer ver povão, cultura, que sentir o calor humano, o mau hálito, o bafo de pinga barata. Aí eu o levaria para ver os mamonas em frente ao estádio e na Praça Vitorino Carriço. Isso seria até uma fonte de renda para os próprios mamonas, que vivem de pedir 1 real para tomar aguardente. Acho que eles ganhariam o suficiente para comprar uísque White Horse . Quando se vai à Europa, o visitante aproveita para tirar fotos de ou com as figuras de aparência estranha que habitam o velho continente. Eu mesmo tirei fotos de punks londrinos, dos músicos na entrada do metrô em Nova York, das mulçumanas francesas. Arraial tem os mamonas e não sabe explorar esse potencial, fica esperando a volta da Álcalis, a verba dos royalties, o dinheiro do PAC, a ajuda divina. Parecemos os portugueses aguardando a volta de D Sebastião.
Outra coisa que dizem que fazemos muito bem é dar vaia nas gaivotas. Minha gente, isso é fantástico. Esse pessoal pode vaiar em francês, que seria mais ou menos assim: iuuuu, bem fraco, fazendo biquinho, mas sem boiolice; pode vaiar em russo: uuuushshshskkkkkkkkkáááááááááá, carregando bem no “Ká”. Enfim, vaiar nuns cinco idiomas e em alguns dialetos indígenas, o turista adora isso. Cobrar em euros e por vaia, ou por gaivota vaiada. Não pode vaiar a mesma gaivota duas vezes, é lógico, isso poderia parecer maus tratos com os animais, e aqui ninguém maltrata animais, só os cachorros.
Por falar em cachorros, eles ficam abandonados no lixão, Ninguém os visita, nem os protetores de animais. O gringo é muito bobo, tenho certeza que as vans que vêm de Búzios podem muito bem desviar a rota e passar na usina de reciclagem de cachorro, quer dizer, de lixo. Colocaríamos uma placa na entrada: CAMPO DE EXTERMÍNIO. Não precisa dizer que é de cães. Deixe-os pensar que é uma réplica de Auschwitz.
Já sei, os mais cépticos dirão que as medidas, principalmente essa última, vai estragar a imagem da cidade. E qual é o problema, estragará a imagem de Búzios, rsrsrsrsr.

sábado, 22 de agosto de 2009

Sobre asfalto podre e políticos tanto quanto ou mais.

Foto copiada do Blog

Se a moda gaúcha pegar.


Nesses tempos de chuva fina e vento sudoeste, um perigo, representado por um batalhão de inimigos, ronda as estradas de Arraial do Cabo/RJ: os incontáveis buracos. Os maiores prejudicados, que correm até risco de vida (ou de morte) são os motociclistas, justamente os que não contribuem em nada para fazê-los, pois o peso dos seus veículos não danifica nem o pior dos asfaltos. E buracos os há o suficiente, em tamanho, para tragar a roda de um pequeno motociclo. Eu mesmo já tive o pneu de uma motocicleta cortado numa dessas cavernas. Os pneus dos automóveis são mais largos, às vezes maiores e são em número de quatro. Isso não os afasta de um acidente e acidentes são imprevisíveis em todos os sentidos. Quem é o responsável pelo estado das pistas? Lógico que é o síndico. Mas estamos no Brasil. O síndico herdou essa maldita herança do seu antecessor, que herdou do antecessor do antecessor. Um deles foi irresponsável, sabemos disso, mas não é mais possível responsabilizá-lo. E o povo brasileiro adora recolocar o síndico, mesmo sabendo que sai muito caro, mesmo para quem não tem carro ou moto. O péssimo asfalto influi no preço das passagens dos ônibus, pois há um maior desgaste dos pneus. .
Já quis entender a lógica desse asfaltamento porcaria, mas desisti. Sempre achei que eles duram só quatro anos porque o síndico, ao término do seu mandato, terá a grande honra de refazê-lo, e isso gera emprego. Eu sou inocente mesmo. O meu negócio é poesia. Poesia lembra um coroa de cabelos brancos caminhando nas ruas de Arraial, nunca um Eduardo Alves da Costa, autor do lindo poema No caminho, com Maiakóvski.
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Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
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Enquanto o asfalto na Europa dura 40 anos, o brasileiro não emplaca decênio. Saindo um pouco de Arraial, em direção a São Pedro da Aldeia, podemos ver os estragos na nova pista construída pelo casal de Campos dos Goytacazes. Já aparecem remendos em toda a sua extensão. O meu raciocínio, nesse caso, parece coerente. Garotinho está se movimentado para vir candidato ao governo do estado. Vai perceber que o asfalto feito por algum amigo empreiteiro, que o ajudou (e vai ajudá-lo novamente) na campanha eleitoral, está se esfarelando. Não quero aqui culpar nem o empreiteiro nem Garotinho, a culpa é do asfalto, que é tão sem vergonha quanto o eleitor que reelege um síndico desse naipe para o seu país, o seu estado e a sua cidade, mas não o elegeria para o seu prédio.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Maquinal



Agora precisamos do Orkut para sermos lembrados
Do MSN para conversar
De um Blog pra nos vermos
O jornal é digital
O livro é virtual
Adeus ao sexo $#%#!#@

Ao sexo &%$#@
Até ao sexo normal
A qualquer tipo de sexo
Sexo, agora, é pela TV
Sem direito a VT
A música que ouço agora
Não é instrumental
É qualquer coisa nada musical
O que escrevo é qualquer coisa desprovida
De qualquer tipo de sentimento positivo
É frio
Amargo
Rancoroso
Maquinal
Retrato desse momento
Ainda chegará o dia
Que direi para a máquina:
Estou triste
Sai um poema alexandrino
Com quatorze versos
A máquina pedirá a senha
Em seguida dirá, com voz metálica, nasalada:
“Para sonetos digite três.”

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

PROGRAMA CABO FRIO EM SOCIEDADE - LAGOS TV

Apresentadora Aretuza Nogueira - Luiz Vidal


As fotos do sarau estão no Orkut:

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Gruta do amor -Prainhas - Arraial do Cabo/RJ


J. Conde - Fotografias www.arraialdocabo.fot.br

sábado, 15 de agosto de 2009

Galeria Central - em frente ao caixa eletrônico do Banco do Brasil - Arraial do Cabo

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Online


Fez do computador um confidente
Saudade vinha, clicava,
Saudade ia, arquivava
Achava divertido
Tudo dava rima
Levava fama de poeta
Até ficar doente (como se já não o tivesse)
Depois de ser deletado
Computador, mouse e teclado
Mandou tudo pro lixo
Salvou, após imprimiu, apenas uma página
Justamente o que deveria ter há muito virado.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Sem óculos, sem lentes

Deusa Lakshmi
Conheceram-se pela Internet. Diferente da maioria dos casais, esse não mentiu. Ele não era dotado de uma plástica facial muito apreciável, e ela era... era...digamos assim, bem dotada lipididinosamente, se é que existe essa palavra, pra não dizer gordinha. Viviam dizendo que tinham muita coisa em comum, mais coisas em comum que o vício no MSN e no Orkut. Meses depois marcaram um encontro numa lanchonete em Jacarepaguá, próximo ao Projac. Ele usaria calça jeans, mocassim terra, uma camisa polo, cor ocre, dessas com um jogador de polo bordado na altura do tórax, comprada na Uruguaiana; ela iria num belo sári vermelho, jóias imitando a deusa Lakshmi, com muitos adereços, kajal nos olhos, henna nos cabelos, brincos, anéis. Isso, caro leitor, isso mesmo, ia de "Caminho da Índias", mas alguma coisa dera errado, houve um desencontro e o encontro não houve. Na hora das explicaçoes, se é que entendi, mas quem deveria entender não era eu, era o namorado, ela disse ter deixado os óculos em casa, propositadamente, pois ficava bem melhor sem eles, mas sem eles não enxergava muito bem, nem de longe, e de perto, menos; ele, por sua vez, disse que chegou a ver alguém muito parecido com a descrição dada por ela, mas na verdade vira a Juliana Paes, esperando, talvez, o marido para um lanche, ou o Raj, para gravar alguma cena da novela. Ele tinha essa certeza porque a Glória Perez estava junto. "Era a Glória mesmo", afirmou a namorada, "mas a Glorinha, minha amiga do 206. Ambos riram muito do acontecido, e chegaram à conclusão que tinham mesmo algo em comum: eram cegos.

Pescadores - Arraial do cabo

Esse site traz notícias e belas fotos de Arraial do Cabo, vele a pena acompanhá-lo.
http://www.100pctarraialdocabo.com.br

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Visitem esse Blog, vale a pena. O Cláudio foi meu professor, um grande professor.
http://blogclaudiocezarhenriques.blogspot.com/

domingo, 2 de agosto de 2009

Muito sinceros


Reencontraram-se após dez anos:
_ Luiz?!
_ Emília?!
_Quanto tempo!
_Vc. Não mudou nada.
_Nem vc.
Dificil, caro leitor, isso não acontecer, algum tipo de mudança.
_Vamos ser sinceros, como sempre fomos?
_ Que ótimo, por isso te adoro.
_Menos, Emília. Não foi à toa que ficamos dez anos sem nos falar. Se vc me adorasse, teria ao menos respondido os emeios.
_Vc. tem uma opinião muito forte.
_Esse é o nosso forte. Falamos a verdade, doa a quem doer.
_ Vejo que você engordou, Luiz.
_ O casamento.
_ Casou de jovo?
_Não, o fim do nosso casamento. E você Emília, não conseguiu mesmo emagrecer.
Frase suficente para Emília ficar mais dez anos sem responder os emeios do Luiz.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Poesia na rua

Eu sou o sujeito de verde, lançando o livro "O sargento nu".

quinta-feira, 30 de julho de 2009

A doutora contorcionista

Encerrado o expediente, os sócios Madame X e Senhor Y, resolveram comemorar a milionária ação ganha pela dupla. No frigobar havia uma garrafa de excelente vinho do Porto e queijo Roquefort, nem quiseram saber se combinavam, o vinho e o queijo, claro, porque os dois estavam pra lá de combinados.
_ Que calor, caro colega – Dizia a Madame X, casada de pouco.
_ Desliguei o ar de propósito, para você ficar com calor e tirar esse terninho. Aí embaixo deve ter algo muito mais interessante – Disse o doutor Y.
Não é que deu certo. Ou o vinho, ou o calor fizeram com que a doutora X se livrasse não só do terninho, mas até da peça mais íntima. Os dois estavam caminhando para ... para .... isso, para os finalmente quando a campainha do escritório toca. Lentamente, pé sobre pé, o doutor foi dar uma espiada no olho mágico. Do outro lado, sorriso de gato de desenho animado, a esposa do Senhor Y, toda faceira. O clima esfriou rapidamente, nem precisou de ar-condicionado. Olhou para a sócia e, cara de não-sei-o-que-faço-agora, falou, baixinho, bem bai-xi-nho:
_ Minha mulher.
O desespero tomou conta da sócia, que ainda tentou colocar a roupa mas de tanto que tremia não conseguiu. Foi aí que o advogado, que não tem idéias somente para o fórum jurídico, mas as têm para o fórum em geral, mandou que a amante entrasse numa caixa vazia um televisor de 29 polegadas, que havia chegado à tarde ao escritório. A amante entrou, o amado mandou todas as roupas atrás. Em seguida, veloz com se saca um mandado de pagamento, colocou rapidamente a roupa e foi abrir a porta, na maior naturalidade.
_ O meu dentista não veio – disse, sorrindo, como se o marido fosse o dentista.
_ Que bom, ainda estou trabalhando. Um caso complicadíssimo. A doutora está me ajudando – Falou.
- Onde está, que não a vejo – Perguntou a mulher.
_ Está dentro daquela caixa. Ela leva tudo muito a sério. Parece que desmaiou com esse calor. Pode sair, colega! – Pediu o Senhor Y.
Até hoje o Senhor Y não sabe como foi que a colega conseguiu se vestir dentro da caixa, se não era contorcionista.