domingo, 28 de março de 2010


Eu a quero
porém Ela não me quer
prefiro ficar só
a ficar com outra mulher



Que castigo
Casada três vezes
Nenhuma comigo

sexta-feira, 26 de março de 2010

Sai uma saideira aí.


O colesterol tá alto, doutor?

Muito alto?
Muito
Muito, muito?
Muito, muito, muito
Passando de trezentos?
Cada muito é muito
Pois é, tem muito muito
Tem jeito?
Não vejo
A pressão tá alta, doutor?
Não?
Isso é bom?
Não
Por quê?
Tá muito, muito, muito, baixa
E cada muito é muito muito
Isso
E agora?
Pede a saideira.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Lições pela internet


O que você vê na tela?
Vários ícones. É esse o nome dessas figurinhas e símbolos, lá no alto?
Isso, isso. Tá vendo, você já sabe alguma coisa.
Mas isso é moleza, até a minha irmã de seis anos sabe.
Tem razão. Bem, vamos lá. Clique com o botão direito do mouse sobre o ícone que se parece com uma folha A4 com uma dobrinha, no canto esquerdo da tela, lá no alto.Vai aparecer uma tela em branco. Digite nela.o que você tem para digitar.
Dez minutos depois, novo contato.
Digitei, e agora?
Isso, agora vá em “janela”, na palavra, ainda lá em cima, e clique com o botão direito do mouse. Vai aparecer uma relação de opções. Clique em “mala direta”.
O amigo espera alguns segundos:
Clicou?
Um minuto, pediu o aluno-amigo.
Não um, mas três minutos depois, o amigo-professor volta a perguntar:
E aí, ainda não clicou?
Ah, cliquei.
Que demora! Apareceu o quê?
Cara, a tela apagou geral, tá toda escura, mas a vizinha do 701 acabou de desabotoar o sutiã.

domingo, 7 de março de 2010

O secretário de inclusão


Não é que o prefeito da pacata Rosarina do Agreste, a 400km da capital, ia receber o assessor do governador do estado? Para a pequena cidade estava bom demais, porque a única coisa que vinha da capital era má notícia em lombo de burro velho, trazida por algum mascate igualmente velho. Isso, em lombo de burro, tamanho era o atraso do arraial.
Todos os preparativos estavam sendo feitos. A esperança era que o assessor saísse de Rosarina com uma boa impressão e trouxesse o governador, o que garantiria a reeleição. Tudo parecia correr dentro das normalidades, quando o mestre de cerimônia interrompeu o cochilo do prefeito.
_Sim, e eu com isso que o homem seja mudo?
_ Mas ele vem ver justamente isso, seu prefeito, o que nós fizemos com a verba para preparar os professores da rede para a tal da inclusão. Pior, não vai trazer intérprete. A verba, aquela verba que o senhor usou para comprar votos, era para os professores aprenderem LIBRAS.
_Vixe Maria!
_É, vixe Maria. E agora?
_Manda chamar o secretário de inclusão social
_E desde quando nós temos isso?
_A partir de agora. Nomeie alguém.
_Quem?
_Timbaúba.
_Abestou, é? O homem é de oposição.
_Então, é por isso mesmo. Ele para de falar mal da gente. Se der errado, o que eu acho que vai acontecer, quem se queima é ele.
_Mas como desgraça esse sujeito vai aprender a falar língua de mudo?
_Isso é mole, já vi na televisão. Esqueceu que a internet já chegou até nós? E o homem tem um computador em casa. Ele se vira, é coisa pra dar errado mesmo.
No dia e hora marcados, o Santana com placa branca estacionou diante da prefeitura.
O assessor desceu e se dirigiu ao gabinete. Ao lado do prefeito, todo altivo e só sorrisos, Timbaúba. Secretário de Inclusão Social, com portaria retroativa e direito a mais dez cargos comissionados, direito esse que ele exerceu imediatamente, nomeando toda a família, pois no interior é assim que funciona a política.
Conversa vai, conversa vem,Timbaúba até então estava perfeito. Conseguiu dar as boas vindas, apresentou o prefeito, a primeira dama e os secretários, mas quando a coisa pegou mesmo, mandou o prefeito chamar a polícia e prender o assessor do governador. Motivo? No gabinete ele disse ao prefeito que o assessor estava chamando não só o prefeito de ladrão, mas todo o seu secretariado, pois o gesto de cruzar a mão direita espalmada em vertical, sobre a esquerda com a palma voltada para baixo, queria dizer que o prefeito havia repartido a verba para a preparação dos professores. E o homem ficou mesmo preso durante alguns dias, até que o governador, vendo que o seu assessor não voltava da viagem, mandasse um intérprete e um advogado ao lugarejo. Adeus visita de governador, adeus reeleição,.
Em off, para o seleto grupo de amigos, Timbaúba, já sem portaria, disse que não perderia por nada desse mundo a oportunidade de acabar com a raça do prefeito, que agora estava passando por um processo de impeachment por conta mesmo do roubo. Mas quem conhece Língua Brasileira de Sinais, como o secretário de educação, que não é consultado nem na hora de contratar os professores, coisa feita pela primeira dama, garante que Timbaúba é um analfabeto em LIBRAS, pois o que o assessor dissera, entre outras coisas, foi que o prefeito estava negando aos surdos-mudos o acesso à educação. Não dissera que estava roubando.