quarta-feira, 23 de setembro de 2009


O prato principal


Não acredito que o sacana do meu noivo sumiu no dia do nosso casamento. Deve estar enfiado num dos quartos da mansão com alguma ex-namorada. Não vou perder o meu tempo em procurá-lo, nem vou fazer o mesmo que ele. Lucas, me faça um favor: vê se encontra o safado do meu marido num dos quartos lá de cima. Diz pra ele que está na hora de agradecermos aos convidados. Odeio essa parte, fazer o quê.

E aí, Lucas, encontrou o sujeito? Não encontrou. Onde será que se meteu. Alguns convidados já me perguntaram por ele. Ligue para o celular dele, por favor. Atendeu? O cozinheiro, não acredito, o que esse maluco foi fazer na cozinha. O cozinheiro quer falar comigo. Lucas, pelo amor de Deus, vai lá você, vê se tenho tempo pra falar com cozinheiros. Tô me lixando que ele ouviu, Lucas, estou preocupada com o meu noivo. É importante? Nada é mais importante que o meu casamento. Pode elogiar o cozinheiro, se for isso o que ele está querendo, não dê mais dinheiro, me cobraram uma fortuna. Podia ter escolhido um chefe aqui mesmo em Belém, mas não sei o que o meu marido viu no currículo desse carioca. Juro que ele me lembra uma pessoa, mas é imaginação minha, bobagem. Bom, diga que os pratos estão uma delícia, maravilhosos, soberbos. Diga qualquer coisa, Lucas. Me dá esse celular. Você ouviu, os pratos estão divinos. Falta o prato principal? Está vindo? Que é isso, Lucas, que sangue é esse escorrendo nessa travessa?

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