terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Uma viagem com as letras


Ah, hoje pela manhã deu-me vontade de escrever
Isso mesmo: escrever
Simples
Uma imensidão de mundo a nossa volta
E mal o contemplamos
Mudei de idéia
Vou desenhar
Parece mais fácil
Desenharei, lógico, à minha maneira
Que será uma espécie de escrevinhar
Escrever e desenhar
Um m para o mar
Vários enes para as gaivotas
Um C emborcado para o morro ao fundo
Um W dá uma linda montanha nevada,
Basta virá-lo
Assim como dois R, deitados e um com a perna virada para o outro
Um E dormindo de barriga para baixo
É a casinha do pescador
Que está lá longe, depois das ondas
Num barquinho em forma de U
Pescando com a letra J
Que tem forma de anzol.
Faço ruas curvas e suaves como o S
Outras, fechadas e perigosas
Como o Z
Uma árvore cheia de X
Outra com vários Os maduros
Ao longe, uma cabana de índio, um A perfeito
Iluminada com lâmpadas em forma de G
Dependuradas em postes T
Tudo muito, muito colorido
Um campinho de futebol com traves de rúgbi
Ou um campinho de rúgbi com bolas redondinhas como os Os?
Viro o Y de ponta cabeça, colo o D em sua perna
Pronto, tenho um moleque de rua, barrigudo
Co m o Q na cabeça
Dando língua o tempo inteiro
Rsrsrssr. Não me contive e ri
O L com o O na cabeça, é um moleque sentado
Observado pelo P
Deito dois K e faço uma mesa reforçada
Com madeira reciclada
Aliás, foi a primeira coisa que fiz
Pra desenhar
Do meu jeito, eu falei
Caso falte algumas letras
E faltam
Você mesmo pode desenhá-las
Ou escrevinhá-las.
Aliás, nem precisa faltar letras
Você pode desenhar outras letras.
Como uma pintura,
Elas se precisam
Para formar palavras
Formar frases
Pra conversar
Poxa, pra tanta, mas tanta coisa,
Que com poucas palavras
Não dá para contar
Nem pintando.
Descobriu que letras estão faltando?
Isso o B
E o V
Não podiam faltar as rimas
Nessa pintura
São duas artes
São primas
A plástica
E a literatura.