sábado, 22 de agosto de 2009

Sobre asfalto podre e políticos tanto quanto ou mais.

Foto copiada do Blog

Se a moda gaúcha pegar.


Nesses tempos de chuva fina e vento sudoeste, um perigo, representado por um batalhão de inimigos, ronda as estradas de Arraial do Cabo/RJ: os incontáveis buracos. Os maiores prejudicados, que correm até risco de vida (ou de morte) são os motociclistas, justamente os que não contribuem em nada para fazê-los, pois o peso dos seus veículos não danifica nem o pior dos asfaltos. E buracos os há o suficiente, em tamanho, para tragar a roda de um pequeno motociclo. Eu mesmo já tive o pneu de uma motocicleta cortado numa dessas cavernas. Os pneus dos automóveis são mais largos, às vezes maiores e são em número de quatro. Isso não os afasta de um acidente e acidentes são imprevisíveis em todos os sentidos. Quem é o responsável pelo estado das pistas? Lógico que é o síndico. Mas estamos no Brasil. O síndico herdou essa maldita herança do seu antecessor, que herdou do antecessor do antecessor. Um deles foi irresponsável, sabemos disso, mas não é mais possível responsabilizá-lo. E o povo brasileiro adora recolocar o síndico, mesmo sabendo que sai muito caro, mesmo para quem não tem carro ou moto. O péssimo asfalto influi no preço das passagens dos ônibus, pois há um maior desgaste dos pneus. .
Já quis entender a lógica desse asfaltamento porcaria, mas desisti. Sempre achei que eles duram só quatro anos porque o síndico, ao término do seu mandato, terá a grande honra de refazê-lo, e isso gera emprego. Eu sou inocente mesmo. O meu negócio é poesia. Poesia lembra um coroa de cabelos brancos caminhando nas ruas de Arraial, nunca um Eduardo Alves da Costa, autor do lindo poema No caminho, com Maiakóvski.
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Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
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Enquanto o asfalto na Europa dura 40 anos, o brasileiro não emplaca decênio. Saindo um pouco de Arraial, em direção a São Pedro da Aldeia, podemos ver os estragos na nova pista construída pelo casal de Campos dos Goytacazes. Já aparecem remendos em toda a sua extensão. O meu raciocínio, nesse caso, parece coerente. Garotinho está se movimentado para vir candidato ao governo do estado. Vai perceber que o asfalto feito por algum amigo empreiteiro, que o ajudou (e vai ajudá-lo novamente) na campanha eleitoral, está se esfarelando. Não quero aqui culpar nem o empreiteiro nem Garotinho, a culpa é do asfalto, que é tão sem vergonha quanto o eleitor que reelege um síndico desse naipe para o seu país, o seu estado e a sua cidade, mas não o elegeria para o seu prédio.

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