domingo, 27 de setembro de 2009


O Noivo

_Veja Bruno, esta é alemã, uma raridade da 2ª Guerra, pertenceu ao ajudante de ordens de Hitler, disse o deputado federal.
Adamastor está no seu primeiro mandato. É amigo de Vital. Vital é ex-namorado, e ainda apaixonado, da noiva do Bruno, jovem professor que está com o casamento marcado para daqui a trinta dias. Nos bastidores, Vital vem tentando sabotar esse casamento, sua única chance – ele acedita - de voltar para Heloísa. O deputado está ali para ajudar o amigo e assessor. Coseguiram descobrir o ponto fraco do Bruno: sua paixão por armas.
_A sua autenticidade pode ser comprovada pelo selo da Sotheby's, os maiores leiloeiros da Inglaterra, emendou Vital.
_Fique à vontade, Bruno, ela não está carregada, mas está perfeita, o que quer dizer que basta munição e alguém que aperte o gatilho para ela atirar. Não se preocupe quanto ao passado da arma. Segundo historiadores, o jovem Müller nunca disparou um único tiro, nem com ela ou com outra qualquer. Dizem as más línguas que ele era caso do
führer
Bruno está empolgadíssimo com o brinquedo prometido para ele. Instigado por Vital, resolve experimentar a arma e aciona o gatilho. A pistola dispara e o político cai atrás do balcão do bar.
Bruno não entende nada. Olha sobre o balcão e vê o parlamentar se esvair em sangue. Fica apavorado,incrédulo, mal consegue balbuciar as palavras.
_ Ele fa-falou qui-qui estava des-des-descarregada. E eu não-não a-apontei pra ele, a-apontei para o al-alto.
_Deve ter resvalado no teto, acalme-se, vamos.
_Mas o teto é de gesso, e sequer está furado.
_Calma, já te pedi calma. Sei que você não o matou, mas a polícia vai chegar em instantes e não vai querer ouvir explicações, pra ela o assassino será você, pior, trata-se de um deputado líder de bancada, com renome, relator da CPI da Petrobras, vão dizer que foi ato político. Vou te levar para o aeroporto, tenho passaportes falsos e amigos de verdade na Polícia Federal. Você vai para a Europa, você agora se chama Henry Breson
_ E como voltarei? Está tudo pronto para o meu casamento. Minha família está vindo de Portugal. Eu posso ir pra lá, pra Coimbra.
_ Eles te achariam em dois tempos. Não se preocupe, darei um jeito de te safar dessa, esqueceu que sou criminalista? Encarrego-me de avisar à Heloísa, ela vai compreender.
Bruno foi para Paris sem saber o que o aguardava por lá. Foi confiando no Vital. este, por sua vez, confiava muito na Polícia Federal brasileira e no capitão Patrick, da Legião Estrangeira que, com outros seis militares, aguardava o sargento Breson no Charles De Gaulle. O "militar" voltava "arrependido" da deserção em plena Guerra Civil do Chade, em 1978, quando contava com menos de quinze anos de idade.

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