sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A viagem


Nem foi preciso o ônibus sair da rodoviária. Mal sentou-se na poltrona, adormeceu, vencido pelo cansaço do plantão do dia anterior. A viagem fazia parte da sua rotina. Toda segunda-feira às 6h40 pegava o ônibus em Arraial do Cabo e descia em Itaboraí, onde morava. Por medida de segurança, nunca trabalhava na própria cidade, achava muito arriscado ser reconhecido. Como sempre, a viagem trancorria normal, exceto pela vontade repentina de ir ao banheiro. Efeito do diurético que tomara ainda na delegacia. A pressão arterial andava meio alterada, mas nada preocupante, segundo o médico.
Levantou-se da poltrona e caminhou pelo corredor até ao banheiro. Como não estava habituado àquele tipo de sanitário, demorou a se localizar no interior do cubículo, para piorar, o ônibus sacolejava muito, mas mesmo assim conseguiu aliviar a bexiga. Deu descarga, lavou as mãos e saiu. Qual não foi o seu espanto ao perceber que não saíra do sanitário do ônibus, mas sim de um localizado no trevo da Rio-Manilha.

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