sábado, 12 de fevereiro de 2011

Boletim de excrescência


Nesse momento me deu vontade de fazer poemas
Junto a essa vontade uma dor no que me resta de consciência
Ainda não escrevi nenhum verso e um brasileirinho morreu no parto
Outro morreu de assalto
Dezenas, no asfalto
Uma adolescente acaba de ser violentada
Não era prostituta infantil,
Foi violentada em casa, pelo padrasto.
É isso, essa minha pátria mãe é na verdade madrasta
E há muito que se distraiu
E nós, seus filhos, estamos indo para a puta que pariu
E eu aqui, fazendo versos
No alto da minha arrogância
Tomando cerveja gelada, me exibindo para amigos
Nada faço
Sequer me apiedo do pedinte
Que um trocado me pede
Enquanto ele estende apenas uma das mãos
Eu levanto as duas e digo NÃO!

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