sábado, 19 de fevereiro de 2011

Ratos



Acordou na madrugada com um suposto barulho no escritório. Levantou, pé ante pé, pegou a lanterna na gaveta e foi, cheio de coragem, verificar in loco. “Um rato, era tudo o que me faltava”, pensou. Não, não era rato, era somente o inofensivo mouse do computador, que de aparência com o rato só o fato de ter um rabinho e o formato, mas o equipamento estava imóvel, não dava mesmo pra confundir. Não dava na sua cabeça, na minha, pois pra o Fabinho, o mouse estava correndo sobre a mesa, e não era mais um mouse, era um rato. Resolveu que o camundongo não tiraria o seu sono. Ufa, melhor assim. Trancou a porta por fora e voltou a deitar e pegou no sono rapidamente.
Dia seguinte, bem cedo, foi ao mercado e comprou veneno para ratos e uma ratoeira, queria se garantir. À noite, delicadamente, espalhou o produto pelos cantos do escritório e deixou alguns grãos sobre a mesa do computador. Certamente pegaria o animal, que, aliás, não lhe causara nenhum dano até o momento, pois nem o sono lhe tirara.
Acordou bem disposto pela manhã e antes de qualquer outra atividade rotineira, como ir ao banheiro e em seguida tomar o café e ler os jornais, foi direto ao escritório. Abriu lentamente a porta do escritório e entrou sem fazer barulho, como alguém que está prestes a dar um flagrante. Meio desapontado, verificou que os grão do veneno espalhados pelos cantos não haviam sido tocados, estavam intactos, do mesmo jeito que deixara à noite. Restava verificar a ratoeira, deixada providencialmente no banheiro. Vai que o bicho tenha ficado preso na armadilha, certamente teria sangue, e ele não estava disposto a manchar o carpete do escritório. A porta do banheiro estava semi-aberta, sem movimentá-la, Fabinho colocou a metade do corpo no ambiente e passou a perscrutá-lo. Não demorou muito para verificar que havia algo preso à ratoeira. Nojento que só, fechou a porta do banheiro, em seguida a do escritório e foi tomar o café normalmente. Aquilo era serviço para a empregada, só não pediria para ser feito naquele momento, deixaria para depois do café, quem sabe, ligaria da empresa. E foi o que fez.
“Como assim, comprar outro mouse, dona Luiza?”

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