quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Nesses tempos de e-tudo, talvez seja a hora de e-relaxar


As atuais gerações, já batizadas de “e-geração” ou “geração net”, já vêm de “fábrica” com upgrade. Se acham melhores que os pais, melhores que os avós. Não é certamente a tal da evolução da espécie, explicada pelo inglês Charles Darwin. O que deveria ser o caminho natural, a evolução do ser humano, com o advento da tecnologia da informática, pode ser chamado, sem nenhum medo de errar, de involução no campo das relações interpessoais.
O que evoluiu, na verdade, foram as tecnologias, principalmente as de informática, que trouxe as outras a reboque. O ser humano, ao contrário, sofreu um processo de regressão. Parou de interagir com os seus semelhantes, acha-se auto-suficiente. Com o prestígio conquistado, somado ao dinheiro, ganho com alguma velocidade, as narinas apontam cada vez mais para o céu. Soberba é a palavra da vez para a atual geração. Intolerante, fica torcendo para que as gerações anteriores desapareçam do mapa. Para a e-geração é muito mais cômodo perder o tempo diante de várias máquinas – ela não se contenta mais com o velho PC – a ter que olhar o seu semelhante nos olhos, a ter que conversar.
Muito se tem discutido, pouco se tem feito. Na verdade, não há muito o que se fazer. Este sempre foi o caminho buscado pela raça humana. É a lei do menor esforço. Se podemos fazer quase tudo pela Internet: pagar, comprar, namorar, divertir, estudar, etc, por que devemos nos apresentar a alguém e perguntar pelo tempo? A sociabilidade é uma prática, quando deixamos de fazê-la, fatalmente esquecemos. E nisso a Internet tem sido a divisora de águas.
As gerações off-net não conseguem acompanhar este desenvolvimento. Saídas dos bancos escolares há algum tempo, veem-se desmotivadas a buscar o conhecimento. Por conseguinte, os diversos segmentos do governo nada fazem para inseri-las nesse universo. Até parece que o próprio governo também quer livrar-se dessa gente e-analfabeta.
As empresas, em especial bancos e aquelas voltadas para o e-comércio, é que deveriam investir nesse nicho, são eles os maiores interessados em adquirir novos clientes. Houvesse, por parte deles, uma pequena aplicação do enorme lucro obtido em instrução gratuita, com subsídios na compra de computadores, redução do preço do acesso à rede, dentre outras iniciativas, certamente todos sairiam lucrando.
Assim, uma vez que é inevitável brecar a e-volução dessa e das futuras gerações, resta apenas acompanhá-la para entendê-la, para falar a mesma língua. A língua em si é algo que sempre se inova. Talvez falando o mesmo dialeto deles diminua-se o fosso hoje existente. O mais é encarar com naturalidade.

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